A logtech Carteiro Amigo Express, que surgiu para viabilizar entregas de encomendas para moradores das favelas do Rio de Janeiro, garantiu um novo investimento para escalar o negócio. A startup recebeu um aporte de R$ 200 mil da investidora-anjo Monique Evelle, com direito a 5% de participação futura na empresa. O investimento chega em momento de expansão para a Carteiro Amigo, com lançamentos de ferramentas e expansão nacional por franquias previstos para o início de 2026. As novidades são divulgadas em primeira mão por PEGN.
Esta é a segunda vez que Evelle aposta na Carteiro Amigo. Na primeira, ela investiu R$ 1 milhão junto aos colegas do programa “Shark Tank”. “Não se trata de uma ONG. É um negócio que gera impacto social e é sustentável”, aponta a investidora. A startup também foi contemplada em dois editais de fomento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), que totalizam R$ 1,5 milhão, para investir em tecnologia e inteligência artificial, sem a contrapartida de equity.
A startup acaba de inaugurar um galpão na Barra da Tijuca (RJ), com capacidade para operacionalizar mais de 5 mil entregas por dia. O novo espaço, com equipe de 10 colaboradores, é dedicado para o atendimento aos clientes do “asfalto” – aqueles que moram fora das favelas.
“A favela é a última milha mais difícil de fazer. Se já fazemos isso, por que não fazer o mais fácil? Também temos muito mais pista no asfalto do que na comunidade, além da gama de oportunidades e marcas que não têm fit com a favela. Vamos ganhar massa, malha e corpo”, afirma Pedrinho Jr, cofundador da startup. Ele ressalta que a equipe de colaboradores continuará vindo de comunidades, independentemente do ambiente onde o galpão está localizado.
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Evelle destaca que a Carteiro Amigo é uma empresa de tecnologia, que atua na área de logística, o que permite um conhecimento maior sobre os comportamentos nos territórios onde marcas gostariam de estar. Entre as empresas que utilizam o serviço de última milha da startup estão Renner, Grupo Soma (Animale, Farm, Foxton), Baggagio, Petz, Cobasi e O Boticário – são 11 clientes no momento e outros oito em negociações.
A startup registrou um salto de faturamento de R$ 1,6 milhão em 2024 para R$ 5 milhões em 2025. Para o ano que vem, a projeção para a receita é de R$ 12 milhões. 50 mil entregas são realizadas por mês – os cofundadores estipularam 100 mil como meta para o futuro próximo. Desde a fundação, a Carteiro Amigo já entregou mais de 3 milhões de encomendas.
As entregas são realizadas por uma malha de 600 motoristas para 2,5 mil clientes assinantes do serviço. “O morador paga uma mensalidade e temos 15 entregadores fixos, os porteiros da favela. Nosso sistema é integrado ao WhatsApp e avisa ao morador quando a encomenda chegou. Ele pode retirar na nossa base ou receber em casa, o que traz comodidade”, explica Pedrinho.
A logtech iniciou conversas com fundos e investidores de fora do Brasil para captar US$ 5 milhões (em torno de R$ 27 milhões) nos próximos 12 a 15 meses. O objetivo do aporte é expandir para o restante do Brasil – por enquanto, a operação está concentrada no Rio de Janeiro (capital, região serrana e costa verde) e em São Paulo (capital) –, iniciando pelo Nordeste, com o modelo de franquias.
“Conquistamos as marcas e entendemos o que é preciso além da entrega logística, o comportamento que gera o hábito e a recompra. Não precisamos ter milhares de clientes varejistas, apenas dos principais, mas estar em todas as praças em que eles estão. A próxima rodada é ambiciosa, mas é o suficiente para espalhar o serviço pelo Brasil”, pontua Evelle, que adianta que vai participar da nova captação.
A expansão pelo país deve acontecer em dois momentos. No primeiro, a startup vai chegar em novos territórios por meio de um novo orquestrador para envio de encomendas. “Clientes menores têm dificuldades de contratar transportadoras. Fizemos uma plataforma que se conecta às principais do país e qualquer empresa vai poder usar o nosso sistema para fazer o redespacho de encomendas. A gente coleta, redistribui nos nossos hubs, e as transportadoras integradoras disparam para o Brasil todo. Dessa forma, teremos capilaridade sem investimento milionário”, explica Thiago Monsores, cofundador. O serviço será lançado em janeiro.
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A partir desse reconhecimento de território, a startup vai conseguir informações para mapear onde há maior potencial para abrir franquias. “Teremos dados para saber o que esperar das regiões, tornando o processo mais sustentável e com menos risco, com a demanda visível. O franqueado será do território, isso é inegociável”, destaca Pedrinho. O formato da franquia está sendo formulado junto ao Sebrae RJ e ao Sebrae DF e está previsto para sair no primeiro trimestre de 2026. De acordo com os sócios, há 10 interessados na fila. Com a expansão territorial, eles estimam chegar a 10 mil clientes recorrentes.
Em 2025, a Carteiro Amigo Express foi selecionada pelo segundo ano consecutivo para integrar a lista 100 Startups to Watch. Os sócios comemoram a conquista: “É sempre muito bom ter a chancela de que está dando certo. É uma alegria gigantesca”, conclui Pedrinho.
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