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Belo Horizonte,29/10/2025

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    Na Serra Fluminense, a dupla Pirilampos do Planeta transforma resíduos plásticos em arte

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    Na Serra Fluminense, a dupla Pirilampos do Planeta transforma resíduos plásticos em arte


    Estar atento ao entorno permite observar nuances do cotidiano capazes de gerar impacto perene no estilo de vida de alguém. Sinteticamente, essa é a percepção de Lula Duffrayer e Flavio Carvalho, a dupla Pirilampos do Planeta, em relação à influência que a casa onde residem há cinco anos exerce sobre a trajetória trilhada na vida profissional de ambos. “Temos um apiário para produção de mel e uma nascente próxima. É tudo muito mágico e simples. É inegável que viver aqui fez com que nosso olhar para a urgência da sustentabilidade fosse aguçado”, reconhece Lula ao mencionar o recanto em Teresópolis, na região serrana do Rio de Janeiro.
    Flavio Carvalho (à esq.) e Lula Duffrayer durante a etapa de montagem, denominada “crustáceo”, de uma das obras que representam o estrago que as redes de arrasto promovem nos oceanos
    Pedro Bucher
    Não é difícil entender a conexão que os designers reafirmam entre o lugar e os projetos que elaboram, tudo com material descartado. Por estar nos arredores dos parques Estadual dos Três Picos, Nacional da Serra dos Órgãos e Natural Municipal Montanhas de Teresópolis, que preservam remanescentes da Mata Atlântica, o casal sentiu que deveria, de alguma maneira, retribuir ao meio ambiente aquilo que ele proporciona à sociedade.
    O deque onde ocorre a montagem das peças do Pirilampos do Planeta
    Pedro Bucher
    “Começamos o reaproveitamento no próprio imóvel que temos há uma década [antes da pandemia, o local era disponibilizado para aluguel por temporada]. Toda a parte de piso, esquadrias e mobiliário foi feita com materiais de reúso, e o mesmo ocorreu posteriormente com o nosso ateliê, que fica no mesmo lugar”, diz Flavio.
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    Resíduos higienizados e perfurados após captação das cooperativas
    Pedro Bucher
    Em contato com esses novos ares desde que saiu da capital fluminense para a área rural, no período de reclusão vivenciado em 2020, a dupla, que tinha uma produtora de eventos, decidiu explorar outras habilidades criativas em busca de autoconhecimento. “Nessa imersão, fomos impactados pelo trabalho da Cooperativa de Trabalho de Catadores de Materiais Recicláveis Fênix, a poucos minutos da nossa casa, e tivemos vontade de frequentar o ambiente para entender quais itens descartados poderiam compor nossas criações”, conta Flavio. Ao se depararem com uma enorme quantidade de resíduos plásticos, passaram a incorporá-los às esculturas e luminárias que faziam até então como passatempo.
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    Chamada de “perfumaria”, por ser o lugar de finalização e acabamento das obras, a área interna do ateliê dos Pirilampos do Planeta tem a primeira escultura de luz executada pela dupla, além de uma coleção de miniaturas da Cow Parade e uma lareira de barro
    Pedro Bucher
    “Entendemos que o catador é um personagem invisibilizado que precisava de protagonismo. No Brasil, cerca de 4% do descarte é reciclado. Desse número, os catadores são responsáveis por mais de 80%. Eles são os enfermeiros do planeta, e esse cuidado tem de ser propagado”, ressalta Lula, lembrando também que parte dos agentes com quem atuam foi afetada pela trágica enchente que assolou Teresópolis e cidades vizinhas em 2011. O caminho para ampliar essa conscientização surgiu em 2022, por meio de oficinas, palestras ministradas em escolas e exposições – a primeira, realizada no VillageMall, shopping na Barra da Tijuca, em 2023. “Mas podemos considerar que o grande divisor de águas foi o convite do [artista] Gringo Cardia para a cenografia do camarote do Grupo Soma, na Marquês de Sapucaí, naquele mesmo ano. Isso deu uma potência para os Pirilampos”, pontua Flavio.
    Os catadores e as cooperativas são os enfermeiros do planeta
    Luminárias e balança utilizada durante o processo de criação da dupla
    Pedro Bucher
    A partir daí, a dupla ganhou projeção, e suas assemblages passaram a colorir feiras, instituições e galerias. Um dos destaques foi a instalação formada por 1 tonelada de resíduos plásticos que flutuava no pátio interno do Centro Cultural Banco do Brasil de Belo Horizonte, exposta até fevereiro deste ano. Também em 2025 participaram, pela primeira vez, da MADE, feira de design colecionável paulistana. E não acabou: agora, se preparam para a futura exibição Elos, em São Paulo, que tem gerado certo frio na barriga, assume Lula. “Isso porque não esquecemos que tudo é reflexo do esforço de três cooperativas dedicadas, e nosso papel é perfumar com encantamento e ludicidade aquilo que está despercebido. É a força da coletividade.
    *Matéria originalmente publicada na edição de outubro/2025 da Casa Vogue (CV 477), disponível em versão impressa, na nossa loja virtual e para assinantes no app Globo Mais.


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