Gravidez exige do corpo tanto ou mais do que uma maratona
Engravidar é, sem dúvida, uma das experiências mais intensas que o corpo humano pode viver. Por trás das transformações visíveis, como a barriga crescendo, há um verdadeiro “trabalho de resistência” acontecendo internamente: o organismo da gestante se adapta e gasta energia em níveis comparáveis ou até superiores aos de um atleta que corre uma maratona.
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O médico clínico Ricardo Gullit explica ao Metrópoles que estudos científicos analisaram o gasto energético de pessoas em situações extremas, como maratonistas, atletas de ultra distâncias e gestantes. Como resultado, mostraram que a gestação coloca o corpo da mulher em um nível de esforço metabólico muito semelhante ao de uma ultramaratona.

“É como se um bebê colocasse o corpo no mesmo grau de esforço de correr uma maratona. A diferença é que, enquanto os atletas mantêm esse ritmo por dias ou semanas, a mulher grávida sustenta esse trabalho metabólico intenso todos os dias ao longo de nove meses”, destaca o médico dos hospitais São Marcelino Champagnat e Universitário Cajuru.
Quem concorda é a ginecologista e obstétra Erica Mantelli, que explica: “Durante a gestação, o corpo da mulher trabalha em ritmo de alta performance. O gasto energético pode chegar a duas vezes e meia o metabolismo basal, algo comparável ao esforço de um atleta em uma maratona. É um processo biológico muito intenso.”
A sexóloga e consultora em saúde Tamara Zanotelli aponta que o corpo da gestante faz adaptações inteligentes para se proteger e preparar o bebê. Isso inclui ajustar os hormônios, aumentar o apetite e até estocar gordura naturalmente.
“A gestação é uma maratona invisível. A mulher gasta, no mínimo, o dobro de calorias por dia em comparação ao normal”, comenta a profissional.
Corpo 100% envolvido
Ricardo comenta que todos os órgãos da mulher se adaptam durante a gestação, tornando o saldo positivo para mãe e o bebe. “Nesse contexto, a respiração fica mais eficiente, pois a gestante inspira mais ar e entrega mais oxigênio para o sangue, garantindo que parte dele chegue ao bebê.”
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1 de 5A gravidez aumenta o gasto energético total, sendo necessárias calorias extras para o crescimento do feto e as demandas metabólicas da mãe
PeopleImages/Getty Images
2 de 5O aumento calórico recomendado geralmente começa no segundo trimestre e varia de 300 a 452 calorias por dia
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3 de 5Durante a gestação, a mulher precisa de acolhimento
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4 de 5O gasto energético total durante a gravidez pode chegar a cerca de 50.000 calorias
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5 de 5É importante que a ingestão calórica não seja inferior a 1.800 kcal por dia, conforme recomendações do Ministério da Saúde
O2O Creative via Getty ImagesErica, por sua vez, destaca: “O corpo feminino é extremamente inteligente. Ele aumenta a eficiência do metabolismo, melhora a absorção de nutrientes e utiliza reservas de energia de forma equilibrada. Tudo é ajustado para garantir o desenvolvimento do bebê e preservar o bem-estar da mãe.”
O coração também se esforça mais: o sangue aumenta de volume e circula com maior velocidade, direcionado principalmente para a placenta, onde estão os nutrientes que vão para o feto.
Energia para a maratona
Segundo Tamara Zanotelli, durante a gestação, o corpo da mulher trabalha como uma máquina de compensação. Ou seja, enquanto reduz atividades intensas, redistribui energia, proteínas e enzimas para manter o equilíbrio e nutrir o bebê.

Com todo esse trabalho extra, semelhante a uma maratona, o corpo produz mais calor e os vasos da pele se dilatam, ajudando a liberar essa energia e a manter a temperatura da mãe estável. Além disso, os rins aceleram a filtragem do sangue, eliminando impurezas e mantendo o equilíbrio do organismo.
“Ou seja, o corpo funciona como uma orquestra afinada, com cada instrumento cumprindo seu papel no momento certo”, diz Ricardo Gullit.
Por isso, a importância do preparo pré-gestacional e do acompanhamento pré-natal para que a mãe receba todos os nutrientes necessários para uma gravidez saudável e desenvolvimento adequado do bebê.





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