Bill Macintyre: o diretor que transformou o SPFW em arte e revolucionou a moda brasileira
Bill Macintyre: o diretor que transformou o SPFW em espetáculo e redefiniu a moda brasileira
O nome Bill Macintyre se tornou sinônimo de excelência e sensibilidade na moda brasileira. Diretor de casting e criador de experiências visuais marcantes, Bill atua há mais de 15 anos no mercado de moda nacional e internacional e há mais de duas décadas no São Paulo Fashion Week (SPFW) — o maior evento de moda da América Latina.
Com passagens por marcas consagradas como Carolina Herrera, Bold Strap e Mondepars, de Sasha Meneghel, Bill construiu uma trajetória que o coloca entre os principais nomes responsáveis por transformar desfiles em verdadeiras exposições de arte contemporânea. Para ele, cada passarela é um palco vivo — um museu a céu aberto que traduz a pluralidade, a emoção e a identidade da moda brasileira.
A trajetória de Bill Macintyre na moda brasileira
Formado em Turismo, com pós-graduação em Gestão Cultural e Direção de Arte, Bill Macintyre chegou à moda por acaso — e nunca mais saiu. O primeiro desfile foi com a marca Alphorria, quando conheceu Ruy Furtado, um dos grandes nomes da direção de desfiles no país.
A partir dali, sua trajetória se entrelaçou à história do SPFW, onde consolidou seu estilo próprio: desfiles cenográficos, com trilhas sonoras pensadas nos mínimos detalhes e uma narrativa visual que conecta conceito e emoção.
Para ele, o desfile é o “teatro da moda”: tudo acontece ao vivo, sem margem para erros, e cada elemento — da luz ao passo das modelos — precisa contar uma história coerente com o DNA da marca.
Bill Macintyre e o SPFW: uma relação de duas décadas
Com mais de 20 anos de atuação contínua no São Paulo Fashion Week, Bill Macintyre é uma das figuras mais respeitadas do evento. Ele viu o SPFW se reinventar, sobreviver a crises e se adaptar à era digital.
De acordo com o diretor, a grande virtude do evento está na sua capacidade de se transformar sem perder sua essência. “O mundo mudou, e a moda mudou junto”, afirma. Antes, campanhas publicitárias duravam meses; hoje, uma imagem tem validade de poucos dias nas redes sociais. Ainda assim, o SPFW continua sendo uma plataforma de descoberta e projeção internacional de talentos brasileiros — estilistas, fotógrafos, stylists, diretores e modelos.
A revolução criativa na passarela
Um dos maiores diferenciais do trabalho de Bill Macintyre é sua abordagem artística. Ele não vê o desfile apenas como uma vitrine de roupas, mas como um ato de expressão cultural.
Cada produção é pensada como uma experiência sensorial. O diretor trabalha com stylist, cenógrafo, iluminador e sonoplasta para construir um enredo visual coeso. “Transformar um conceito de coleção em narrativa é o desafio mais instigante”, comenta.
Ao longo dos anos, Bill Macintyre dirigiu desfiles emblemáticos, como o da Água de Coco com estrutura de escadas gigantes e o da Ellus, em que modelos mergulhavam em um tanque de água aquecida. Também participou de apresentações que misturaram música pop e cultura de massa, como shows de Anitta e até uma performance inspirada na personagem Minnie Mouse.
Bastidores: a moda antes da era digital
Quem acompanha o trabalho de Bill Macintyre sabe que ele viveu intensamente os bastidores da moda em tempos analógicos. No início da carreira, não havia smartphones, nem GPS ou redes sociais.
Ele relembra as madrugadas montando a Bienal de São Paulo, dormindo no local com cobertores e travesseiros, e usando as antigas Páginas Amarelas para encontrar endereços de marcas e agências.
Essas memórias mostram o quanto o setor evoluiu — e o quanto o profissional precisou se adaptar à nova era da moda digital, onde o ciclo criativo é veloz e efêmero.
O impacto da pandemia no olhar de Bill Macintyre
A pandemia de Covid-19 foi um divisor de águas na moda mundial. Para Bill Macintyre, o período representou um grande desafio, mas também um laboratório de inovação.
Os desfiles presenciais foram substituídos por experiências digitais, e a criatividade precisou se adaptar às telas. Houve gravações feitas com drones, fotos via FaceTime e desfiles transmitidos online sem plateia.
O diretor lembra que, embora o momento tenha sido tenso, também foi um período de aprendizado coletivo: “Depois da pandemia, o valor do presencial ficou ainda mais evidente. A emoção de dividir o espaço físico com outras pessoas é insubstituível.”
Influenciadores e passarelas: uma fronteira em transformação
Um dos debates mais recentes da moda diz respeito à presença de influenciadores digitais nas passarelas — e Bill Macintyre tem uma visão clara sobre isso.
Ele reconhece que a união entre moda e redes sociais é inevitável, mas defende que a passarela é território dos modelos profissionais. Para ele, celebridades e influenciadores têm papel importante, mas deveriam estar na primeira fila, não no desfile.
Por outro lado, ele também admite que as novas supermodelos do século XXI, como Kendall Jenner e Bella Hadid, são influenciadoras por natureza. Essa interseção, segundo ele, reflete uma nova era da moda — híbrida, imediata e cada vez mais conectada ao público digital.
Diversidade e representatividade: o olhar de Bill Macintyre
Em um país miscigenado como o Brasil, a diversidade nas passarelas é tema central para Bill Macintyre.
Ele relembra que, há alguns anos, a presença de modelos negras era restrita a “cotas” simbólicas — cerca de 20% do elenco. Hoje, a diversidade racial ganhou mais espaço, embora ainda haja desafios na representatividade de corpos reais.
O diretor defende que a passarela deve refletir o Brasil real, com diferentes biotipos, tons de pele e expressões culturais. E reforça a importância da saúde mental das modelos, frequentemente expostas a rejeição e pressão estética.
O episódio que marcou o SPFW: a morte de Tales Cotta
Um dos momentos mais tristes da história recente da moda brasileira foi a morte do modelo Tales Cotta durante um desfile em 2019.
Bill Macintyre, que conhecia Tales e dirigia o desfile seguinte, revelou que o episódio o abalou profundamente. O jovem modelo sofria de um problema cardíaco congênito e faleceu em plena passarela.
Além da tragédia, o diretor lamenta a “caça às bruxas” que se seguiu, com críticas injustas a stylists e organizadores. O caso o fez refletir sobre a fragilidade da profissão e a necessidade de mais empatia e responsabilidade emocional no ambiente da moda.
Entre bastidores e imprevistos: o show deve continuar
Trabalhar ao vivo é lidar com o imponderável — e Bill Macintyre sabe disso como poucos. Ele coleciona histórias inusitadas: desfiles em que o som parou no meio da apresentação, quedas de modelos, figurinos que não saíam do corpo e até acidentes em cena.
Mesmo diante dos imprevistos, o diretor reforça que o profissionalismo e o trabalho em equipe são essenciais para manter a elegância e o respeito ao público. “Num desfile, todos são importantes — da camareira ao fotógrafo.”
O futuro do SPFW e da moda brasileira
Para o futuro, Bill Macintyre acredita que o SPFW deve continuar se reinventando. Ele cita exemplos internacionais, como Copenhague e Londres, que se tornaram referências em sustentabilidade e inovação.
O evento brasileiro, segundo ele, já está seguindo esse caminho: “É hora de apoiar as novas marcas, que pensam fora da caixa e trazem ideias frescas. A SPFW deve continuar como símbolo da moda nacional e espaço de renovação constante.”
A missão de Bill é clara: manter viva a chama da criatividade e devolver à moda tudo o que ela lhe deu ao longo de mais de duas décadas de dedicação.
A trajetória de Bill Macintyre é um espelho do amadurecimento da moda brasileira. Seu legado vai além dos desfiles: ele transformou o modo como enxergamos a passarela, elevando-a ao status de arte e reflexão social.
Com sua visão sensível, o diretor de casting e criador visual continua sendo uma das vozes mais influentes do SPFW e um dos maiores defensores da moda como expressão cultural e humana.
Enquanto o mundo digital acelera, Bill Macintyre segue lembrando que o que realmente importa na moda — e na vida — é o olhar, a emoção e o propósito por trás de cada criação.





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