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Belo Horizonte,28/10/2025

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    Luciano Szafir relembra quase morte após ficar 145 dias internado: "Pedia por mais 15 minutos"

    gq.globo.com
    Luciano Szafir relembra quase morte após ficar 145 dias internado:


    Luciano Szafir, 56, viveu uma experiência de quase morte em 2021 quando testou positivo para covid-19 pela terceira vez. Naquele momento, ele logo foi diagnosticado com embolia pulmonar, e necessitou receber altas doses de anticoagulante para o tratamento, o que resultou no rompimento do intestino. O ator precisou passar por uma cirurgia grave, com pouquíssimas chances de sobreviver e ficou 145 dias internado.
    Assim que teve alta, passou a receber algumas visitas em casa, de familiares e amigos mais próximos. Ao relatar tudo o que enfrentou nos dias em que esteve internado, as pessoas costumavam se emocionar e sugeriam que Szafir compartilhasse sua história com mais pessoas. "Nunca me senti pronto pra escrever um livro, mas percebi que poderia ajudar outras pessoas", diz em papo com a GQ Brasil.
    Com isso, ele escreveu Por Favor, me de Mais 15 Minutos: Sobre Vencer Batalhas e Transformar Vidas (Citadel Editora), lançado em setembro. Inclusive, ele optou por este nome para a obra pois era justamente o que costumava pedir enquanto estava no hospital.
    "Tiveram momentos em que eu estava muito, muito mal, e eu tinha certeza que iria embora. Fechava o olho e rezava. Eu pedia: 'Me dá mais 15 minutos, por favor', para poder pegar o celular e fazer um FaceTime com os meus filhos, minha mulher, minha mãe... E isso aconteceu: pude falar com todos eles", relembra. Ele é pai de três filhos, Sasha Meneghel, 27, David, 10, e Mikael, 9.
    Luciano Szafir fala sobre lançamento de livro
    Divulgação
    Diagnósticos e internação
    Na primeira vez em que testou positivo para covid-19, Szafir não teve grandes complicações, além de lidar dor no corpo e dor de cabeça. Na segunda, a enxaqueca aumentou e perdeu o olfato e paladar. Na terceira, ele estava indo para Salvador com tosse muita dor de cabeça. Szafir estava prestes a completar 52 anos e a vacina estaria disponível no dia seguinte para sua faixa etária.
    No entanto, por estar com sintomas, o ator não pôde tomar a vacina. Após testar positivo, sua médica sugeriu que fizessem uma tomografia do pulmão, que já estava com 20% do órgão afetado. A princípio, ele começou os cuidados em casa e precisou alugar um tubo de oxigênio. No entanto, a doença evoluiu rapidamente, comprometeu 50% do pulmão e ele precisou ser levado ao hospital. Foi quando descobriu que estava com embolia pulmonar.
    "A quantidade de anticoagulante era absurda, porque precisavam acabar com a embolia. Meu intestino rompeu, e comecei a urrar de dor. Era como se tivesse tomando várias facadas na barriga. Tomei a quantidade máxima permitida de morfina, e não adiantava. Me deram ketamina, com a autorização da direção do hospital", relembra. A ketamina é um anestésico dissociativo usado para induzir sedação, imobilidade e amnésia durante procedimentos cirúrgicos. Em altas doses, pode causar anestesia geral e inconsciência.
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    Szafir precisou ser entubado para colocar a bolsa de colostomia e entrou na sala de cirurgia. Neste momento, quase 90% do seu pulmão estava comprometido. Os médicos avisaram sua esposa, Luhanna Melloni, que seria difícil ele sair vivo da operação, com menos de 12% de chance de sobrevivência.
    "A intubação para mim foi uma tortura. Foi uma ida ao inferno e voltar. Eu escutava tudo que todo mundo falava, e sentia dor 24 horas. O pessoal do hospital falava: 'Gosto tanto desse cara, não queria que ele morresse. Mas, não tem jeito, né?' Foi bem complicado", diz.
    Durante o período em que esteve internado, o artista chegou a pesar 68kg. Antes, ele tinha 1,93m e pesava 108kg. "Eu era um saco de osso. Não tinha força para nada", acrescenta.
    No entanto, o ganho de peso também aconteceu. Szafir precisou tomar corticoide para recuperar o pulmão, e atingiu a marca de 144kg. "Fiquei sem andar, porque o corticoide drena as articulações, e eu tive uma atrofia. Comecei a sentir dores nas pernas e depois elas começaram a travar. Fiquei quase dois meses de cama e precisei colocar uma prótese de quadril", explica.
    O ator não se sentia confortável com a prótese e ainda lidava com muita dor. Foi o sinal de que havia algo errado: ele estava com infecção hospitalar e precisou retirar a prótese, substituindo-a, além de tomar antibióticos fortíssimos.
    Luciano Szafir
    Divulgação
    Quase morte
    Entre a vida e a morte, Szafir relembra o que passava pela sua cabeça enquanto estava internado. "Quando você tem certeza que vai morrer, muita coisa muda. Você não pensa: 'Nossa, se eu tivesse comprado aquela casa...'. A única coisa que eu queria era levantar, beijar minha mulher, meus filhos e estar com meus amigos", diz.
    O ator conta que passou a valorizar mais as coisas mais simples da vida, como tomar um copo d'água, algo que ficou quarenta dias sem, sendo hidratado somente por tubo e usando spray de saliva.
    "Estava morrendo de sede e sonhava com um copo d'água. Sonhava em tomar um banho. Eu tomava banho na cama de plástico, com três enfermeiros me limpando. Quando pude tomar banho sozinho, sentado, chorava igual criança. Queria voltar a caminhar, eu só conseguia dar três passos. Não tinha força para nada. Me sentia uma ameba, e só queria voltar a ter vida", relembra.
    Ao sair do hospital, seu sentimento de gratidão era gigante. Na sua opinião, ele se tornou uma pessoa mais paciente.
    "Claro que eu ainda me irrito, como qualquer pessoa normal. Mas dura muito menos, dura muito pouco. Deixo tudo me afetar muito menos do que me afetava. A minha vida é muito mais tranquila, muito melhor hoje. Se você me perguntar qual foi a melhor coisa que me aconteceu, foi ter ficado doente e quase ter morrido. Porque hoje, minha vida faz muito mais sentido", afirma.
    Um momento que o marcou, após receber alta, foi sua participação no São Paulo Fashion Week, em novembro de 2021, com a bolsa de colostomia à mostra. Szafir diz que recebia muitas mensagens sobre pessoas que usavam a bolsa.
    "As pessoas tinham zero autoestima em relação a isso. Homens me perguntavam como teriam coragem de ficar nus na frente de possíveis parceiras. Eu pensei: 'Preciso fazer algo para as pessoas perderem a vergonha'. E decidi desfilar assim, para as pessoas verem que isso é algo normal", diz.
    Luciano Szafir
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    Saúde mental
    Quando finalmente teve alta e já estava se recuperando, em casa, o artista passou a ter crises de síndrome de pânico. "Se eu sentia um desconforto, me dava um pânico muito grande, porque não tinha mais nenhum médico a minha disposição. Tinha muito medo. Comecei a fazer terapia, e nunca tinha feito antes", diz.
    Além disso, ele precisou fazer uso de remédios de tarja preta. "A dor virou minha melhor amiga. Eu tinha dor sentado, deitado... Tinha dor o tempo inteiro. Caí no opioide, fiquei extremamente viciado".
    Ele relembra que, em um dia em casa, sentindo muita dor, chegou a tomar uma cartela inteira de opioide, rivotril e novalgina. "Isso era umas oito horas da noite. No dia seguinte, por volta de três da tarde, minha mulher não conseguia me acordar. Foram medir minha pressão, e eu tava com três por dois", diz.




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