Heloisa Alves de Oliveira

Pássaro Cativo
Invalidação

Pássaro Cativo
Canto e canto ,nas manhãs ensolaradas, tristes, alegres e nubladas.
Meu canto engaiolado!
Minhas penas negras que ao sol brilham.
Sinto-as entre ventanias.
Imagino minhas asas sendo tocadas, pelas folhas das laranjeiras,
no outono, junto à borboleta que abre suas asas pela primeira vez.
Grito, ao lembrar-me da água pura no riacho de além.
Canto, no meu silêncio , na minha solidão,
no isolamento sofrido, na dor , na somatização que a invalidação cruel ,
traiçoeira e excludente me causaram, Eu canto .
Assim, o abandono me presenteou. Grato sou!
Com outros pássaros pretos , não estou.
Em coro cantam. Enquanto a mim, a zombaria restou .
Uma mão me segurou e não segurou.
No silêncio ,das tardes de domingo, isolado e calado, permaneço.
Da minha gaiola, vejo a esperança a banhar-me em paz.
Às dezoito horas, canto a fé que arde de amor, em meu peito, sem voz.
Condenado fui , sem crime ter cometido.
Calado estou!
Mais alto, canto a clamar por minha morada , minha voz,minha vida, meu amor.
COMENTÁRIOS