Quando o Coração Dança: A Jornada de uma Mulher que Transformou Sonhos em Abraços
Do salão de beleza ao palco da vida: a missão de transformar mulheres através da dança com Simone Cristina.

No canto de uma sala vazia, onde antes se preparavam noivas para o dia mais especial de suas vidas, uma mulher começava a escrever sua própria história de amor com a dança, com o cuidado, com o feminino. Simone Cristina, não planejava ser dona de escola de dança, nem se imaginava conduzindo outras mulheres pela trilha do autoconhecimento. Mas como tudo o que nasce da alma, sua jornada foi brotando naturalmente, como flores que desabrocham mesmo em terreno improvável.
Simone Cristina / Imagem de Arquivo Pessoal
Desde sempre encantada pelas cores, brilhos e movimentos da dança árabe, ela pedia ao marido uma fantasia sem sequer saber a diferença entre figurino e fantasia. Não sabia dançar. Não sabia onde aprender. Mas o encantamento já era semente.
Alunas da EDSC - Escola de Dança Simone Cristina - Imagens de Arquivo Pessoal.
Um dia, ao passar por uma escola de dança, viu uma placa. E então, como quem atende a um chamado maior, entrou. Fez uma aula experimental e ali, entre véus e compassos, sentiu: “É isso. É isso que quero pra mim.”
Do encantamento nasceu o desejo de ir além. De aluna apaixonada, tornou-se apoio nas coreografias das colegas. E foi ali, na sala de aula, que uma professora viu nela um brilho que talvez nem ela mesma enxergasse: “Você tem potencial para ensinar.” Incentivada, mergulhou fundo: estudou, buscou outros mestres, se aperfeiçoou. A paixão virou missão.
Na época, ela tinha um salão de beleza. E numa sala desocupada, onde antes as noivas se arrumavam, passaram a nascer sonhos diferentes. Ali, começou a ensinar dança para amigas e clientes. Pouco a pouco, os passos foram se multiplicando, as salas foram crescendo, os espetáculos acontecendo. A escola tomou forma, e ela deixou o salão para viver inteiramente seu novo propósito.
Mas então veio a pandemia. As luzes do palco se apagaram por um tempo, as salas ficaram em silêncio. Ainda assim, a dança da vida seguiu.
Foi aí que surgiu um novo recomeço, com outro nome, outra forma, mas a mesma essência: cuidar. A escola reabriu com um novo olhar, um espaço de acolhimento, voltado ao bem-estar de mulheres e crianças. E como um presente divino, em sua porta bateu uma equipe do programa estadual de mediação de conflitos, propondo algo que combinava perfeitamente com seu coração: trabalhar com mulheres em situação de vulnerabilidade, levando cuidado, autoestima e a chance de recomeçar.
Simone Cristina, viu no encontro a resposta de Deus. E acolheu a missão.
Imagens de Arquivo Pessoal.
Hoje, ela também leva alegria e movimento à terceira idade no Sesc, descobrindo, dia após dia, que o mundo precisa e muito, de quem abrace, cuide e escute.
Foi nesse novo capítulo que a professora Aline cruzou seu caminho, convidando-a para integrar um projeto de dança do ventre que une expressão, acolhimento e cuidado sócio emocional. Ela aceitou. E, mais uma vez, dançou com a vida.
“Mulheres felizes criam filhos felizes, parceiros mais plenos e uma sociedade mais justa”, ela acredita. E é por isso que segue firme, transformando véus em abraços, passos em cura, e salas de dança em refúgios de renascimento.
Porque quando uma mulher dança com o coração, ela muda o mundo ao seu redor.
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