Universo, infinitas dimensões...

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Quando vamos abordar o assunto “morte” as pessoas ou ignoram ou “torcem o nariz”, ficam emburradas como se isso fosse  uma coisa inexistente.

Sinto lembrá-los de que  começamos a morrer desde o nosso primeiro dia de vida na Terra. Portanto, no  final deste “filme” todos nós teremos de passar pelo portal da morte...independente  da nossa vontade. É um fato inexorável.

Quando eu trabalhava em  hospitais, como enfermeira e depois como psicóloga, eu detestava ler no  prontuário dos pacientes termos como: Paciente terminal, paciente sem  possibilidade de cura e outros termos semelhantes. Por quê? Porque sempre acreditei  que as coisas podem mudar e devemos priorizar desde sempre o cuidado paliativo seja  um paciente em estado crítico ou não. Afinal, penso que como seres mortais,  todos nós estamos no lugar de um paciente crítico, visto que podemos morrer a  qualquer momento estando doentes ou não.

E o que é paliar? Segundo os  dicionários é: Atenuar, aliviar, proteger, solucionar de forma temporária.

Assim sendo, estamos nos “paliando” todos os dias. Afinal, queremos sempre  estar protegidos, aliviados, tranquilos. Nos Hospitais, no caso de pacientes  com doenças crônicas ou doenças que ameaçam a vida, esses cuidados são  intensificados na intenção de deixar os pacientes sem dor, o mais confortável possível,e as visitas são mais liberadas, naturalmente.

Como  profissional da saúde, penso que os familiares precisam de orientações  especiais em como lidar com os pacientes ao chegarem para visitá-los. Muitas  vezes o próprio paciente sabe das condições em que se encontra e consegue “ler”nas expressões dos familiares e amigos que a situação está crítica.  Todos os envolvidos, médicos, enfermeiros,  técnicos de enfermagem, demais profissionais de saúde, familiares e amigos, devem  evitar conversas paralelas perto do paciente pensando que ele está dormindo, ou  ao se despedir na porta do quarto ficar cochichando, isso vale para pacientes  que estão em casa também, não devemos conversar longe do paciente porque ele se  sente excluído e fica “com a pulga atrás da orelha” imaginando mil coisas que  podem estar falando sobre ele e que ele não pode ouvir. Isso gera uma angústia  imensa. Basta que nos coloquemos no lugar e saberemos que não é agradável.

Muitas  vezes os pacientes ao sentirem que a morte está próxima, sentem vontade de  desabafar, falar sobre a sua vida e a sua morte e os familiares não conseguem ouvi-los  por tristeza, medo de tocar no assunto etc. Mas às vezes tudo o que o paciente quer  e precisa é dessa escuta. Esse acolhimento em um momento tão difícil. Vi isso  acontecer inúmeras vezes com pacientes e familiares que atendi e passei por  isso também ao cuidar das minhas avós, mamãe e tia paterna. Vi a necessidade do  desabafo, do choro, das confidências, dos segredos revelados, muitos pacientes  precisavam de perdoar ou serem perdoados e por uma série de fatores nós não os  deixamos concluírem essas “pendências”.  Não deixamos eles se despedirem porque negamos  a finitude. É um alívio muito grande a pessoa poder falar com a família sobre seus medos, seus sentimentos, e é de grande ajuda quando a família está disposta a ouvir. Nos apegamos de maneira exagerada e não os soltamos, não os deixamos livres para saírem do casulo e seguirem na nova jornada.  

Portanto, a lição que fica é que amar, também é deixar ir...acolher e desapegar de maneira amorosa...

Fiz um vídeo em 2021, em um momento em que eu estava ainda elaborando o luto pela passagem da mamãe. Vou deixar o link aqui, caso queiram assisti-lo.

Gratidão! Adriana Pádua..