São Paulo Fashion Week

E aí, você acompanhou a polêmica participação dos influencers na São Paulo Fashion Week (SPFW)?

SPFW é o principal evento de moda do Brasil, que reúne estilistas, marcas, compradores durante uma semana de desfiles, shows e networking. E quem representa estilistas e marcas? Os manequins, que são os modelos de passarela. Modelos profissionais, de quem se exige além de técnica e postura, registro profissional no Ministério do Trabalho, o DRT.

É a oportunidade dos modelos new face serem vistos pelas marcas e estilistas e alavancarem suas carreiras.

Fonte: https://www.instagram.com/fashionideas_trends/p/DBc3985OVBf/?img_index=1

Bom, deveria ser se o desfile não estivesse recheados de influencers não modelos. E isso gerou um bafafá nas redes socias, com profissionais reclamando muito, especialmente após os influenciadores contarem suas experiências no desfile.

Seria cômico, se não fosse trágico!

Tivemos falas desde “fazer cara de putão” até “que horas isso vai acabar?”, passando pelo “é só andar”.

Não, não é só andar, não é fazer cara de putão e o desfile, por model, mal dura 2 minutos! Já falei aqui sobre a necessidade de qualificação e registro profissional. Há técnica para as caras a fazer, conforme o tipo de desfile e estilo das marcas. Também há técnica para caminhar, igualmente conforme o tipo de desfile e estilo. E não há motivo para querer sair correndo da passarela, muito pelo contrário, se dependesse do modelo ele estenderia um pouco mais seu tempo de exposição, afinal, é sua chance de mostrar trabalho.

São muitas e duras as críticas dos modelos sobre o ocorrido e foram muito necessárias. Falou-se ainda sobre o não respeito ao perfil exigido. Dos profissionais espera-se mínimo de altura de 1,70m para mulheres e 1,80m para homens e medidas corporais rigorosíssimas, que muitas vezes adoecem o modelo para que ele consiga se manter no padrão. 

Mas dos não modelos, não se exigiu nada. Ouvi uma manequim reclamar que “havia gente de um metro e sessenta” e outro dizendo que se sacrifica muito para estar no padrão e ver gente desfilando “com qualquer corpo e de qualquer jeito”.

Eles têm razão, bem como os atores que há muito tempo reclamam de influencers e modelos protagonizando novelas, sem nenhuma qualificação como atores. Imagine você, qualificado e preparado, ser preterido num trabalho porque deram a vaga para alguém que não tem nenhuma formação para desempenhar o que você faz. Não é justo!

Gente que não vai nas provas de roupas, que não comparece aos ensaios, só é vista no desfile e ainda sai falando abobrinha. 

O influenciador Juliano Floss na passarela - um dos mais criticados

Fonte: https://www.donatameirelles.com.br/post/influenciadores-na-passarela-o-debate-que-persegue-o-spfw-em-2025

A questão é que há interesses aí que não nos dizem respeito. Sim, é um problema enorme para os profissionais, mas... Manda quem pode, obedece quem tem juízo.

Em toda profissão, uma hora ou outra, vão te passar a perna, você vai ser trocado por alguém que não merece estar onde você chegou e se reclamar, bau bau, adeus oportunidades.

Então, a dica de hoje é: não abra mão da terapia; a dor vai vir, mas não vai encontrar morada; vai passar e a vida vai seguir. Vai dizer que esse é o único golpe que você viu na sua carreira? Óbvio que não! E a gente tem que ter jogo de cintura para lidar com isso, ou fazendo networking para estar sempre nas panelinhas engolindo sapo para correr menos risco de ser cortado de um desfile ou vendo a coisa acontecer, respirando fundo e seguindo a vida.

É triste, mas é necessário!

Até mais!